quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Em defesa da frente de esquerda. Comentário sobre um texto de Igor Fuser

(comentário sobre um texto do companheiro Igor Fuser, no Facebook, que reproduzo ao final deste post)

Igor Fuser. Você acha que a política econômica vigente desde o golpe tem sido esse desastre para o povo que estamos vendo porque está conceitualmente errada, como diz a esquerda, ou porque tem sido mal executada, como diz a centro direita? Indo direto ao ponto: essa política precisa ser radicalmente mudada, como diz a esquerda, ou só precisa de uma melhor gestão, como diz a centro direita?

Não sei se você sabe, mas, segundo o site Congresso em Foco, os partidos da centro direita votaram a favor do governo Bolsonaro em mais de 80% das votações do Congresso. Você tem alguma dúvida de que estes partidos apoiam integralmente a política econômica que estamos tendo desde Michel Temer? Tem alguma dúvida de que o golpe de Estado foi dado exatamente para impor ao povo essa política que o povo já havia rejeitado nas quatro eleições presidenciais que o antecederam? E você não lembra quem foi contra e quem foi a favor desse golpe de Estado? Só os partidos de esquerda, PT, PSOL e PCdoB, votaram integralmente contra o impeachment de Dilma, todos os demais votaram total ou parcialmente a favor de derrubá-la. E quem liderou a operação golpista ostentando o programa de governo que pretendia implementar quando assumisse a presidência, substituindo a mandatária legítima? Foi a extrema direita, com Bolsonaro? Não, foi a centro direita, com Michel Temer. E o nome do programa que eles anunciaram com pompa e circunstância, antes mesmo de o golpe ser consumado, era Ponte para o Futuro. Não lembra disso, Igor Fuser?

O governo Temer foi um governo de centro direita - basta ver de que partidos eram os seus ministros - que, no fundamental, que é a política econômica, teve continuidade no atual governo. O próprio Temer diz isso. Numa entrevista ao site da BBC, de 22 de julho de 2019, ele diz: 'O governo Bolsonaro vai bem porque está dando sequência ao meu'. E está dando sequência mesmo. A política de preços da Petrobras, por exemplo, que é tão criticada hoje, é obra do tucano Pedro Parente, que foi nomeado presidente da empresa pelo usurpador, logo que ele sentou na cadeira de presidente da república. E foi exatamente para dar sequência à execução do programa Ponte para o Futuro que o governo Bolsonaro teve até agora o apoio dos partidos da centro direita, que lideraram o golpe e governaram com Temer, em mais de 80% das votações do Congresso.

A pergunta que te faço, Igor Fuser, é muito simples. A centro direita renunciou ao programa Ponte para o Futuro? Essa resposta é importante porque ela determina o que seria um governo Lula em aliança com a centro direita, se seria um governo de mudança ou um governo de continuidade. Você certamente dirá, como todo bom centrista, que precisamos encontrar os pontos de convergência entre a esquerda e a centro direita, como se antagonismo houvesse entre elas apenas quanto a questões secundárias e não nas fundamentais. Então me diga: O que é, para você, fundamental e o que é secundário num programa de governo? Que pontos do programa da centro direita, chamado Ponte para o Futuro, a esquerda pode assimilar em seu próprio programa sem estar traindo a classe trabalhadora e atentando contra a soberania nacional? E que pontos do programa da esquerda você acha que podem ser sacrificados para agradar à centro direita e viabilizar um acordo entre ambas sem, da mesma forma, estar traindo a classe trabalhadora e atentando contra a soberania nacional? Que parte, afinal, do neoliberalismo você acha que não é lesiva aos interesses nacionais e populares e por isso a esquerda pode admitir no seu programa?

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TEXTO COMENTADO, DE IGOR FUSER

Reflexão destinada a quem pensa seriamente em VENCER a dura parada política que temos pela frente em 2022:

A esquerda é, e sempre foi, minoria no Brasil, claramente minoria.

Quando amplia sua capacidade de influência política, em sintonia com o sentimento popular e em aliança com outros setores democráticos, a esquerda cresce e, em geral, vence.

Quando estreita o alcance de suas propostas, encarando a luta política no espartilho esquerda x direita, fica encurralada no seu próprio gueto e, inevitavelmente... perde.

Se o bloco político e social que se articula em torno da candidatura Lula quiser ser vitorioso na luta contra o fascismo (um monstro com duas cabeças, o genocida e o juiz-ladrão), deve evitar a armadilha fatal da "frente de esquerda".

Para ganhar a eleição, a esquerda deve (sem perder o rumo de uma campanha enfocada, obviamente, no combate à fome e em defesa das condições materiais de vida da maioria dos brasileiros) 

ampliar a candidatura Lula em direção à centro-esquerda, ao centro e até mesmo a setores da centro-direita.

Este é o caminho, aliás, que o próprio Lula parece disposto a trilhar, com muita sabedoria.

(Reflexão inspirada em post de João Franzin, que você poderá ler no espaço dos comentários.)

https://web.facebook.com/igor.fuser.9/posts/10225338317220804

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