(comentário sobre um texto do companheiro Igor Fuser, no Facebook, que reproduzo ao final deste post)
Igor Fuser. Você acha que a política econômica vigente desde o golpe tem sido esse desastre para o povo que estamos vendo porque está conceitualmente errada, como diz a esquerda, ou porque tem sido mal executada, como diz a centro direita? Indo direto ao ponto: essa política precisa ser radicalmente mudada, como diz a esquerda, ou só precisa de uma melhor gestão, como diz a centro direita?
Não sei se você sabe, mas, segundo o site Congresso em Foco, os partidos da centro direita votaram a favor do governo Bolsonaro em mais de 80% das votações do Congresso. Você tem alguma dúvida de que estes partidos apoiam integralmente a política econômica que estamos tendo desde Michel Temer? Tem alguma dúvida de que o golpe de Estado foi dado exatamente para impor ao povo essa política que o povo já havia rejeitado nas quatro eleições presidenciais que o antecederam? E você não lembra quem foi contra e quem foi a favor desse golpe de Estado? Só os partidos de esquerda, PT, PSOL e PCdoB, votaram integralmente contra o impeachment de Dilma, todos os demais votaram total ou parcialmente a favor de derrubá-la. E quem liderou a operação golpista ostentando o programa de governo que pretendia implementar quando assumisse a presidência, substituindo a mandatária legítima? Foi a extrema direita, com Bolsonaro? Não, foi a centro direita, com Michel Temer. E o nome do programa que eles anunciaram com pompa e circunstância, antes mesmo de o golpe ser consumado, era Ponte para o Futuro. Não lembra disso, Igor Fuser?
O governo Temer foi um governo de centro direita - basta ver de que partidos eram os seus ministros - que, no fundamental, que é a política econômica, teve continuidade no atual governo. O próprio Temer diz isso. Numa entrevista ao site da BBC, de 22 de julho de 2019, ele diz: 'O governo Bolsonaro vai bem porque está dando sequência ao meu'. E está dando sequência mesmo. A política de preços da Petrobras, por exemplo, que é tão criticada hoje, é obra do tucano Pedro Parente, que foi nomeado presidente da empresa pelo usurpador, logo que ele sentou na cadeira de presidente da república. E foi exatamente para dar sequência à execução do programa Ponte para o Futuro que o governo Bolsonaro teve até agora o apoio dos partidos da centro direita, que lideraram o golpe e governaram com Temer, em mais de 80% das votações do Congresso.
A pergunta que te faço, Igor Fuser, é muito simples. A centro direita renunciou ao programa Ponte para o Futuro? Essa resposta é importante porque ela determina o que seria um governo Lula em aliança com a centro direita, se seria um governo de mudança ou um governo de continuidade. Você certamente dirá, como todo bom centrista, que precisamos encontrar os pontos de convergência entre a esquerda e a centro direita, como se antagonismo houvesse entre elas apenas quanto a questões secundárias e não nas fundamentais. Então me diga: O que é, para você, fundamental e o que é secundário num programa de governo? Que pontos do programa da centro direita, chamado Ponte para o Futuro, a esquerda pode assimilar em seu próprio programa sem estar traindo a classe trabalhadora e atentando contra a soberania nacional? E que pontos do programa da esquerda você acha que podem ser sacrificados para agradar à centro direita e viabilizar um acordo entre ambas sem, da mesma forma, estar traindo a classe trabalhadora e atentando contra a soberania nacional? Que parte, afinal, do neoliberalismo você acha que não é lesiva aos interesses nacionais e populares e por isso a esquerda pode admitir no seu programa?
================================
TEXTO COMENTADO, DE IGOR FUSER
Reflexão destinada a quem pensa seriamente em VENCER a dura parada política que temos pela frente em 2022:
A esquerda é, e sempre foi, minoria no Brasil, claramente minoria.
Quando amplia sua capacidade de influência política, em sintonia com o sentimento popular e em aliança com outros setores democráticos, a esquerda cresce e, em geral, vence.
Quando estreita o alcance de suas propostas, encarando a luta política no espartilho esquerda x direita, fica encurralada no seu próprio gueto e, inevitavelmente... perde.
Se o bloco político e social que se articula em torno da candidatura Lula quiser ser vitorioso na luta contra o fascismo (um monstro com duas cabeças, o genocida e o juiz-ladrão), deve evitar a armadilha fatal da "frente de esquerda".
Para ganhar a eleição, a esquerda deve (sem perder o rumo de uma campanha enfocada, obviamente, no combate à fome e em defesa das condições materiais de vida da maioria dos brasileiros)
ampliar a candidatura Lula em direção à centro-esquerda, ao centro e até mesmo a setores da centro-direita.
Este é o caminho, aliás, que o próprio Lula parece disposto a trilhar, com muita sabedoria.
(Reflexão inspirada em post de João Franzin, que você poderá ler no espaço dos comentários.)
https://web.facebook.com/igor.fuser.9/posts/10225338317220804
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.