O grande nó da segurança pública no Brasil chama-se "política de drogas". Não há dinheiro e não há gestor público no mundo que consiga dar paz a uma sociedade com este tratamento que damos à questão das drogas. Parece bastante evidente, e ainda assim muita gente ignora, que a criminalização da maconha, e também da cocaína, financia o poder corruptor e bélico dos bandidos, quando deixa a demanda, permanentemente forte, da sociedade por estas drogas sem outra alternativa de oferta que lhe atenda, a não ser o tráfico. O traficante de drogas, com todo o poder que exerce e com todo o poder que ostenta, é um produto da criminalização da maconha e da cocaína. Sem a criminalização, ele seria um delinquente comum, muito mais fácil de ser enfrentado, por ter menos meios.
Faça-se, além disso, um levantamento de quantas pessoas morreram pelo uso destas drogas proibidas e de quantas pessoas morreram pela violência dos confrontos entre traficantes e destes com os policiais no último ano ou nas últimas décadas e se verá que a preservação da vida humana é a última das preocupações dos defensores desta política.
A criminalização da maconha e da cocaína mata em massa. Fere e mutila em massa. Encarcera em massa. Aterroriza as comunidades pobres e consome boa parte dos recursos financeiros do Estado. E apesar disso tudo, nunca alcança o objetivo perseguido, que é a redução substancial do consumo destas drogas pela sociedade. Trata-se, portanto, de uma política cara, ineficaz e extremamente nociva.
É preciso afrontar os preconceitos e a hipocrisia dos que se empenham em alimentá-los, por interesses escusos, e defender uma mudança radical no tratamento que vem sendo dado à questão das drogas no país. É preciso conscientizar a sociedade, principalmente a classe trabalhadora mais pobre, que é maior vítima da "guerra às drogas", da necessidade de se tirar o controle da oferta da maconha e da cocaína das mãos da bandidagem, e de que isto só poderá ser feito através da legalização da produção, comércio e consumo destas duas drogas. Esta é a discussão que precisa ser feita hoje, neste momento em que a segurança pública é posta em evidência máxima, em razão da intervenção federal no Rio, que a tem por justificativa. Não se vence o narcotráfico com tiros de fuzil e com prisões. Se vence por asfixia financeira, trazendo para a economia formal o enorme mercado de consumo que o sustenta.
Mortais são os fuzis, não os baseados. Pela vida e pela paz, legalizem.
Silvio Melgarejo
22/02/2018
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