A Greve Geral deste dia 28 de abril foi o primeiro grande ato de legítima defesa da parcela mais esclarecida, mais consciente e mais organizada dos trabalhadores brasileiros contra o violento ataque do governo Michel Temer aos seus direitos e aos direitos dos demais trabalhadores, através da Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista. A cobertura jornalística, no entanto, que hoje fala dos transtornos provocados pela greve mas esconde as razões que a justificam, não é uma cobertura honesta, isenta, nem comprometida com a verdade dos fatos. É uma cobertura claramente orientada pelos interesses dos poderosos empresários que encomendaram e que serão os únicos beneficiários das mudanças legislativas que o presidente ilegítimo e sua base corrupta de sustentação no Congresso pretendem aprovar.
Os milionários donos das grandes redes de TV e os milionários donos das marcas patrocinadoras que desfilam nos intervalos das programações das suas emissoras têm interesse direto na aprovação das reformas de Temer porque ficarão ainda mais ricos com elas, à custa de um aumento sem precedentes da pobreza e da miséria dos trabalhadores brasileiros. Os donos das grandes redes de TV e seus patrocinadores apoiam de modo irrestrito as reformas que a Greve Geral pretende barrar. Por isso os jornalistas que são seus porta-vozes condenam a greve, enquanto seguem apregoando a falsa necessidade da realização das reformas e os falsos benefícios que as reformas trariam para os trabalhadores. Vê-se bem, assistindo aos noticiários, que a corrupção passiva não é mesmo um vício só de muitos políticos, é um vício também de muitos famosos jornalistas.
O jornalista corrupto é aquele que se presta a falsear a verdade em troca de dinheiro e prestígio. Por dinheiro e prestígio, o jornalista corrupto mente, mente tanto quanto o político corrupto, e o faz com a mesma desfaçatez. Talento para ludibriar é um atributo indispensável para o sucesso de ambos, políticos e jornalistas corruptos. No caso dos jornalistas, os mentirosos mais convincentes são promovidos a editores ou apresentadores dos telejornais de maior audiência. Os donos das grandes redes de TV precisam de jornalistas assim, ambiciosos e inescrupulosos, sem qualquer compromisso ético, para conquistarem a confiança e enganarem aos trabalhadores, dominar-lhes as mentes e controlar-lhes as emoções e desejos, para torná-los, enfim, massa de manobra dócil à manipulação política em favor dos seus interesses e dos interesses dos outros empresários com quem têm negócios.
Hoje os jornalistas corruptos da imprensa burguesa, estes profissionais muito bem pagos do ilusionismo político, editaram e apresentaram telejornais tentando convencer os trabalhadores mal informados e menos esclarecidos de que a Greve Geral foi contra eles e que foi obra de meia dúzia de sindicatos de trabalhadores do setor de transportes, associados a grupos de baderneiros irresponsáveis. Atribuíram todas as paralisações à falta de ônibus, trem e metrô, como se nenhuma outra categoria tivesse aderido à greve. Os transtornos, a confusão, os prejuízos e a violência foram creditados aos grevistas e manifestantes, apresentados como agressivos, tolos ou insensatos. Dizer, como disseram os telejornais, que a greve foi contra as reformas de Temer e ao mesmo tempo que estas reformas são virtuosas e necessárias para o país e para os trabalhadores é o mesmo que dizer que a greve foi contra os trabalhadores e contra o país. E assim se tenta jogar os setores menos informados, menos esclarecidos e menos conscientes, contra os setores mais informados, esclarecidos e conscientes da classe trabalhadora.
É uma disputa pela opinião pública em condições absolutamente desiguais, os patrões equipados com canhões midiáticos e a vanguarda dos trabalhadores inteiramente desarmada. Por isso é preciso acabar o quanto antes com a ditadura da burguesia na televisão aberta. A vanguarda dos trabalhadores precisa fazer da luta por espaço para a sua imprensa na televisão aberta uma prioridade. Porque não haverá democracia no Brasil enquanto a burguesia continuar mantendo o controle absoluto que tem tido sobre a oferta da notícia e da opinião nesta mídia que continua sendo a mais influente na formação da opinião das massas sobre qualquer tema.
Hoje quem governa o Brasil é a Globo. Temer é apenas um fantoche dos irmãos Marinho. Derrubar o presidente ilegítimo, portanto, não será suficiente para botar o Brasil em novo rumo. É preciso derrubar a Globo, que é o poder de fato, e abrir espaço, muito espaço na TV aberta para a livre expressão de toda a pluralidade e diversidade política e cultural da sociedade. Porque só assim será possível começar a construir no Brasil uma verdadeira e sólida democracia.
Silvio Melgarejo
28/04/2017
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