domingo, 6 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022
VÍDEO: Alckmin é o CANDIDATO do GOLPE, disse Haddad em 2018
Em 19 de agosto de 2018, o programa Canal Livre, da TV Band, entrevistava o então candidato a vice-presidente na chapa de Lula, Fernando Haddad, enquanto o ex-presidente chegava ao 137º dia de sua prisão ilegal e injusta, mantida pela coalizão golpista de direita, liderada por políticos como Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer. Essa coalizão golpista se dividira entre várias candidaturas na eleição presidencial daquele ano, mas a quase totalidade dos seus partidos - PSDB, PP, PTB, PSD, PRB, PR, DEM, Solidariedade e PPS - formou a coligação "Para Unir o Brasil" e lançou a candidatura do tucano Geraldo Alckmin. Só que a candidatura de Alckmin não decolava.
Três dias depois dessa entrevista de Haddad, o Datafolha confirmava o favoritismo de Lula, mesmo estando preso, com 39% das intenções de voto contra 19% de intenções de voto em Bolsonaro, que vinha em segundo lugar. Marina Silva tinha 8% e Alckmin apenas 6%. Na apuração dos votos do primeiro turno, Alckmin acabou com 5% dos votos válidos, um verdadeiro fiasco, provando mais uma vez que amplitude de coalização não garante eleição. A coligação de Lula e Fernando Haddad, chamada "O Povo Feliz de Novo", tinha apenas três partidos, PT, PCdoB e PROS, e mesmo assim Haddad chegou ao segundo turno, com menos de um mês para fazer sua campanha, depois que assumiu a candidatura a presidente após o TSE ter julgado Lula inelegível.
Alckmin ia, portanto, àquela altura, muito mal nas pesquisas. Mas a alta burguesia e a centro-direita neoliberal ainda acreditavam num milagre. Pois se não acontecesse esse milagre teriam que apoiar o neoliberal fascista Bolsonaro contra o inaceitável antineoliberal Fernando Haddad, o que acabaram fazendo mesmo. Alckmin e os partidos da sua coligação ajudaram a eleger Bolsonaro no segundo turno e passaram a integrar o ministério do seu governo e a sua base de apoio no Congresso Nacional. Segundo o site Congresso em Foco, o PSDB, de Geraldo Alckmin, votou com o governo em mais de 80% das votações da Câmara e do Senado desde que Bolsonaro assumiu a presidência.
Hoje Lula defende com espantosa naturalidade a indicação de Geraldo Alckmin como vice de sua chapa. Mas naquela entrevista ao Canal Livre de 2018, perguntado se apoiaria Alckmin numa eventual disputa de segundo turno contra Bolsonaro, Fernando Haddad não hesitou em dizer que não apoiaria e justificou: "Se nós somos oposição ao Temer, como é que nós vamos apoiar um candidato que subscreve o que o Temer tá fazendo, do ponto de vista econômico?".
Considerando-se o fato de que o cargo de vice-presidente foi criado para abrigar o substituto do presidente nas suas ausências, como estabelecido no artigo 79 da constituição brasileira - "substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente" - e considerando-se o fato de que o presidente é eleito pelo povo por causa dos compromissos que assume na campanha, é um dever de qualquer candidato a presidente indicar um substituto que tenha os mesmos compromissos que ele porque se não o fizer estará traindo a confiança do povo e submetendo o povo ao risco de ser governado por um presidente que afrontará à sua vontade, manifestada através do voto nas urnas.
Hoje Lula impõe ao povo um presidente substituto que há apenas quatro anos Haddad considerava um presidente inaceitável, mesmo numa disputa de segundo turno contra Bolsonaro. Veja o vídeo e leia o trecho da entrevista em que Haddad assume a posição que Lula deveria ter hoje.
Trecho da Entrevista de Fernando Haddad ao Canal Livre
Mônica Bergamo - A gente sabe que essa questão de formação de maiorias muitas vezes ela começa já no segundo turno, quando sobram dois candidatos e você começa a conversar com alguns partidos sobre formação do futuro governo. Então eu queria saber como seria o diálogo, por exemplo... o Fernando Henrique Cardozo foi questionado e ele disse 'se ficar Haddad e Bolsonaro, eu não me oporia a uma conversa com o Haddad'. Eu queria saber: 1) se a recíproca é verdadeira, se vocês apoiariam o PSDB, ou se o senhor defenderia um apoio do PT ao Alckmin, caso fique esse quadro de Bolsonaro versus Alckmin. Bem objetiva a pergunta.
Fernando Haddad - Nessa eleição eu acho muito difícil que Bolsonaro e Alckmin possam ir para um segundo turno, eu acho impossível, pra ser bem honesto. Porque o Alckmin só cresce às custas duma queda do Bolsonaro, não tem como ele crescer sem o Bolsonaro cair.
Mônica Bergamo - Sim, mas o Fernando Henrique admitiu uma hipótese de diálogo, é um pouco isso...
Fernando Haddad - Segundo ponto. Diálogo: diálogo é o que?
Mônica Bergamo - Diálogo é apoio.
Fernando Haddad - Vamu lá: diálogo é o que? O Alckmin está disposto a abrir mão do plano econômico do Temer? Porque hoje o maior representante do Temer na eleição é o Alckmin. Isso dito pelo Temer, não sou eu que tô dizendo. Quando perguntado...
Eduardo Oinegue - O Temer lançou o Henrique Meirelles, candidato.
Fernando Haddad - Bom, a imprensa divulgou: quem é o candidato do governo? Ele falou "é o Alckmin, né".
Mônica Bergamo - "Parece que é".
Fernando Haddad - "Parece que é o Alckmin, né". Por que? Porque toda a base de apoio dele toda a base, com exceção do MDB, que hoje não tem um candidato com expressão, com viabilidade, está apoiando Alckmin. E o Alckmin, se você ler o plano de governo dele, o plano de governo dele é o plano Temer, é a Ponte Pro Futuro. Se nós somos oposição ao Temer, como é que nós vamos apoiar um candidato que subscreve o que o Temer tá fazendo, do ponto de vista econômico?
Ricardo Boechat - Tá dada a resposta à nossa Mônica Bergamo.
Fernando Haddad - Agora, ele vai voltar atrás, vai dizer "não, nós vamos tratar os trabalhadores com dignidade, não dá pra ter teto de gastos dessa maneira, vamos pensar em outra..." Ele tá disposto? Eu acho que não.
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No dia 21 de agosto de 2018, o Partido dos Trabalhadores publicava uma parte do trecho dessa entrevista aqui destacado em sua página oficial no Facebook, sob o título "Alckmin é Temer!". Confira.
Pois Haddad e o PT estavam certos. Porque até hoje, Geraldo Alckmin nunca mostrou arrependimento pelo golpe que liderou e nunca deu nenhuma declaração indicando que tenha deixado de apoiar o programa neoliberal Ponte Para o Futuro, de Michel Temer e Bolsonaro. Alckmin era e continua sendo o candidato do golpe. E mesmo assim dá-se como certo que ele será substituto de Lula na Presidência da República. Se assim for, o Brasil estará caminhando para mais um desastre. O mercado financeiro festeja, porque seu candidato a presidente será vice de Lula e isso já é meio caminho andado para um novo golpe de Estado. O mercado financeiro quer Alckmin presidente e fará de tudo para que isso se torne realidade. Um novo golpe virá. E Alckmin será o Temer de Lula.